Terceira Parte
2 - Você, Quaresma, é um Visionário
Pela manhã a névoa toma conta das praias cariocas. Ricardo, devidamente fardado, assiste com tristeza este amanhecer que ele não conhecia. Ele é autorizado por Major Quaresma, seu superior, a tocar seu violão, mas o Tenente Fontes o proíbe assim que ouve o canto e vê a roda de soldados ao seu redor.
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A revolta já havia se inserido no espírito da cidade. Balas eram colecionadas; os ataques iminentes punham os cidadãos no passeio, a assistir; quando alguma embarcação era acertada, os diferentes fortes disputavam a autoria do disparo nas notícias dos jornais.
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Quaresma agora estuda artilharia, balística, mecânica, cálculo… Sempre procurando se aprofundar ao máximo na teoria escolhida, acreditando que isto garantirá tiros perfeitos de seus comandados. Os praças, no entanto, cada vez mais desertam o agrupamento. Mesmo o Tenente Caldas, o Tenente-Coronel Bustamante e o General Albernaz estão desanimados com a postura do governo na batalha, somente Fontes defende uma elevação moral das tropas. Desinteressado das discussões militares e preocupado com Ismênia, Policarpo perguntou sobre ela a Albernaz e ele não tinha boas notícias: estava vivendo com a irmã e não saía de seu estado doentio.
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À noite o Marechal Floriano Peixoto fez uma visita surpresa ao posto e Quaresma foi recebê-lo. Caminhavam enumerando combates e deserções, quando o Major resolveu perguntar sobre seu memorial. O ditador havia lido o documento, mas não via possibilidade de tomar as medidas sugeridas. Quaresma procurou expor seu ponto de vista num longo discurso, ao cabo do qual Floriano sentenciou: “Você, Quaresma, é um visionário”.
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