Primeira Parte
4 - Desastrosas Consequências de um Requerimento
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Semanas antes do pedido de casamento de Ismênia, Policarpo havia enviado à Câmara um requerimento que pedia a decretação do tupi-guarani como língua oficial do país. Todos os políticos, funcionários e repórteres que ouviram a leitura do documento caíram na risada. Como não houve nada de mais importante naquela sessão, no dia seguinte os jornais estampavam o tal requerimento seguido de diversas piadas e caricaturas de Quaresma, que tornou-se uma figura pública durante vários dias. O major, acostumado a uma vida discreta e fechado em seus estudos, não entendia a pilhéria que lhe faziam e acreditava cada vez mais em suas ideias.
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Vicente Coleoni, compadre de Quaresma, soube do caso pelos jornais e, desacostumado com leituras, pediu à filha que lhe explicasse melhor o que ocorria, temendo pela sanidade do amigo. A moça argumentou que a proposta do padrinho não era completamente insana, mas apenas uma ideia à qual ele havia se apegado com demasiada convicção.
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Policarpo era constantemente zombado por seu requerimento e diziam que nem mesmo ele sabia a língua indígena. Certo dia Quaresma substituía o secretário, que havia faltado, e escreveu um ofício em tupi-guarani, para provar seus conhecimentos. O documento foi assinado pelo diretor sem a devida atenção e encaminhado ao ministério. O ministro recusou o ofício e o remeteu de volta ao Arsenal, censurando-o. Quando o secretário soube do caso puniu Quaresma com uma suspensão.
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O major voltava desolado para sua casa, quando cruzou com Ricardo Coração dos Outros e lamentou que seus pensamentos o fizessem tão diferente dos outros homens.
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