ÚLTIMOS DIAS: Capítulo 2
DEPOIMENTO DO AUTOR
O narrador ressalta a crueldade animalesca das degolas de prisioneiros, tornadas banais por conta da frequência em que ocorriam.
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Alguns sertanejos temiam a condenação por conta da superstição de que uma morte “a ferro frio” lhes faria perderem a alma. Assim, muitas vezes uma morte à bala era oferecida como recompensa em troca de delações.
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Mulheres e crianças geralmente eram poupadas da punição fatal – exceto quando demonstravam algum risco aos militares, por seus comportamentos arredios.
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O estado lastimável de uma avó e seus netos famintos, entretanto, fazia crer que a morte era sempre o melhor remédio.
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Havia ainda histórias de prisioneiros que, após se verem livres da degola, acabavam atacando aqueles que os perdoaram – e isso alimentava ainda mais a rigidez das condenações.
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UM GRITO DE PROTESTO
Segundo o autor, o isolamento geográfico de Canudos e o caráter puramente revanchista da campanha dava aos soldados a liberdade de agir sem qualquer escrúpulo, como se ali não houvesse pecados. A certeza da indiferença da História perante um povoado tão miserável permitia que tais seres humanos se comportassem primitivamente.
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As páginas deste livro são declaradas, portanto, o registro de um grito de protesto: revolto, deprimente, sombrio e sem brilhos.
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