Capítulo 20
Mendonça foi dormir esperando que Estácio viria falar-lhe em breve, pois não acreditava que uma amizade de longos anos seria afetada por um simples desentendimento. Somente na manhã seguinte o rapaz foi lhe procurar, comunicando que havia mudado de ideia e o aceitaria como cunhado. Mendonça, no entanto, afirmou que não desejava mais o casamento.
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Padre Melchior, sabendo do recuo de Mendonça, foi orientá-lo a desconsiderar aqueles que poderiam falar mal de seu relacionamento. Mas o rapaz insistiu que a própria Helena ou sua família também poderiam considerar o casamento como oportunista.
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O religioso procurou Helena, que se comprometeu a tratar do assunto pessoalmente, fazendo de tudo para reconquistar o noivo. Disse estar disposta até a abrir mão de sua herança, para que ninguém julgasse mal a união.
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Mendonça não resistiu aos argumentos de Helena e logo o compromisso estava firmado, com a bênção de D. Úrsula, que não ficou sabendo das intercorrências atravessadas para chegar ao acordo. Estácio aceitou o destino na irmã com alguma tristeza, pois não conseguira opor-se ao casamento, mas também não o aprovava totalmente.
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Certa manhã o jovem saiu para caçar, procurando distrair-se destas preocupações, e viu seu criado cuidando da égua de Helena próximo a uma antiga casa, aquela com uma bandeira azul em sua fachada. Escondido atrás de uma cerca de espinhos, o rapaz viu sua irmã saindo do local e montando no animal para ir de volta à sua casa. A apreensão em ver tal cena fez com que ele apertasse a mão junto à cerca, ferindo-se com os espinhos.
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Estácio tentou imaginar que Helena apenas visitava alguma família pobre, a quem ajudava, mas não conteve sua curiosidade e decidiu procurar uma desculpa para bater àquela porta. Vendo que sua mão sangrava, elaborou mentalmente um plano e dirigiu-se à tal casa.
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