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Resumo Por Capítulo: Capitães da Areia

Noite dos Capitães da Areia


Iniciava-se a noite quando o negro João Grande caminhava em direção ao trapiche dos Capitães da Areia. Com treze anos, desde os nove vive com o bando. Seu pai, carroceiro, morrera atropelado por um caminhão, tragédia que levou João Grande a abandonar sua casa. O negro logo se tornou um dos líderes dos garotos, não devido à sua inteligência, mas a sua força física. Era querido por Pedro Bala. João Grande vinha da Porta do Mar, um bar onde havia se encontrado com Querido-de-Deus, famoso capoeirista que visitaria o trapiche para dar aulas a alguns meninos do bando.


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No trapiche, em meio às dezenas de crianças que dormiam, estava o Professor, lendo à luz de uma vela. Especializado no roubo de livros, o garoto lia-os com ânsia, acumulava-os em pilhas, sob tijolos – para evitar que ratos os roessem. Algumas vezes ele contava as histórias aos outros meninos, despertando a imaginação e livrando-os daquela realidade por instantes. João Grande aproximou-se do Professor, aguardando para que ele terminasse a leitura e lhe contasse a história.


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Sem-Pernas, garoto coxo (manco), era o “espião” dos Capitães: valendo-se da deficiência física convencia senhoras a abrigá-lo por uma noite, o suficiente para que tomasse conhecimento das casas que seriam futuros alvos de furtos pelo grupo de meninos. Zombador, no momento estava fazendo troça do Gato, rapaz que havia roubado um anel com a intenção de impressionar garotas – apesar de o mais velho ter dezesseis anos, os meninos já conheciam os segredos do sexo. Sem-Pernas e ele iniciavam uma briga quando Pedro Bala veio apartar, chamando-o para uma reunião.


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Reuniram-se, além de Pedro e Sem-Pernas, João Grande e o Professor. Planejavam as ações do dia seguinte: Gonzales, um receptor de roubos, havia encomendado um chapéu – alguns reclamaram que ele pagava mal os serviços, mas por fim aceitaram a missão. Sem-Pernas seria o responsável pelo negócio, já que Pedro Bala, João Grande e o Gato teriam a capoeira com o Querido-de-Deus.


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Para formar o grupo que atuaria no roubo do chapéu, Sem-Pernas foi em direção a Pirulito, garoto magro, amarelo, muito apegado à religião. Após acertarem detalhes do que fariam no dia seguinte, Pirulito foi para seu canto, onde tinha um santuário improvisado, e iniciou sua reza, de joelhos. Esse costume, inicialmente, era motivo de pilhéria dos outros meninos, mas com o tempo acostumaram-se a ele. Sua oração pedia que fosse levado para um colégio onde poderia se tornar sacerdote.


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Sem-Pernas ainda tinha intenção de burlar com Pirulito, mas vendo-o compenetrado em sua reza, quase em êxtase, desistiu da ideia. Geralmente Sem-Pernas não media suas brincadeiras: zombava de todos, mesmo dos líderes, mesmo de quem ele era amigo – era sua forma de amenizar o sofrimento que via em tudo. Tinha fama de malvado por algumas ações violentas, mas quem o conhecia mais a fundo o considerava um bom garoto. Nunca teve família, morava com um padeiro que sempre o surrava. Fugiu em busca da liberdade, mas sofreu na mão de soldados bêbados que se aproveitaram de seu defeito físico, prendendo-o e fazendo-o correr em círculos, numa sala, enquanto era alvo de borrachadas ao tentar descansar. Sem-Pernas chorou tanto por esse fato que suas lágrimas secaram. Conheceu os Capitães da Areia por meio do Professor, garantindo um abrigo seguro e uma utilidade para sua deficiência – quando conseguia infiltrar-se em casas de família, enganado senhoras que o recebiam por piedade. Sentia satisfação em enganar aquelas mulheres, seu verdadeiro desejo era ter uma bomba que explodisse a cidade inteira, assim teria seu ódio satisfeito. Ou talvez, se recebesse carinho e atenção de uma mãe, que o protegesse durante o sono, impedindo os pesadelos recorrentes com os guardas que o torturavam.


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Naquela hora Gato ainda não dormia. Garoto metido a elegante, ele foi trazido ao grupo aos treze anos, pelo Boa-Vida, rapaz que sentia atração pelo seu charme. No entanto, ao compreender suas intenções amorosas, Gato distanciou-se dele por algum tempo – ele queria mesmo era mulher. Daí que sempre saía à noite à rua das mulheres. Bem arrumado, ele chegava a ser desejado, mas ao mesmo tempo era menosprezado por não ter dinheiro para pagá-las. Às vezes era recebido por alguma mulher, só depois que ela já tinha trabalhado o bastante para garantir seu sustento do dia seguinte. Mas tinha desejo por uma em especial, Dalva, que inicialmente possuía um amante, Gastão, um flautista que a visitava todas as noites. Certa vez Gastão não apareceu, estava com outra mulher, então Dalva recebeu Gato e, surpresa com seu desempenho, passou a aceitá-lo sempre.


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Sem-Pernas via Gato sair para sua noitada e observava a multidão de crianças amontoadas no trapiche. Pensava nas vezes em que muitas delas morriam doentes. A liberdade que tinham era pouca coisa, comparada à desgraça em que viviam.


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Levantou-se o negro Barandão, dirigindo-se ao areal. Desconfiando que ele tentasse esconder algum fruto de roubo – o que era proibido pelas regras dos Capitães da Areia – Sem-Pernas o seguiu, até descobrir que ele ia se recostar num outro garoto, Almiro, de doze anos. Os meninos se acariciavam, chamando-se de “meu filhinho”.


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Sem-Pernas ficava angustiado, tinha vontade de fugir. Cada garoto do trapiche tinha uma forma de escapar àquela realidade: Barandão tinha Almiro, Professor tinha seus livros, Gato tinha sua mulher… Mas Sem-Pernas só tinha seus pesadelos.

Pedro Bala despertou na madrugada com um barulho: um vulto se aproximava de Pirulito. Era um menino que tentava pegar alguma coisa de seu companheiro e foi surpreendido pelo líder o bando, que não tolerava roubos dentro do trapiche. Alguns acordaram com a luta dos dois, quando o menino explicava a Pedro que só queria ver uma medalha do outro rapaz. Pirulito, percebendo a situação, pediu que Pedro o deixasse. Por fim o menino contou que queria a medalha para dar a uma garota. Pirulito entregou-lhe o objeto, pedindo apenas que não contasse isso a Pedro Bala.


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Volta Seca entrou no trapiche. Vindo da caatinga, ainda tinha o costume de calçar alpercatas (calçados simples, com tiras de couro). Trouxe um jornal para que o Professor lesse. Era uma notícia de Lampião e seu bando, bem sucedido em mais um ataque. Ao final, com um sorriso no rosto, levou consigo o jornal, de onde iria recortar o retrato de seu herói.


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