Capítulo 21
Ao mesmo tempo estava João Romão em seu quarto, todo reformado, com papel de parede, móveis novos, pronto para um casal. Bertoleza dormia nos fundos do armazém, no chão. Aí estava o grande impasse do português: Miranda já havia concedido a mão de sua filha Zulmira e Dona Estela já procurava uma data para o casamento, mas Bertoleza permanecia em sua casa. Seu pensamento “E se ela morresse?” logo passou para “E se eu a matasse?”. Mas essa alternativa parecia muito arriscada, já que agora, prestes a se casar, todos desconfiariam do feito. João se arrependeu de não ter dado um fim na negra antes. O dono da estalagem caminhou até onde sua antiga amiga dormia e a olhou por um tempo pensando no que faria dela, até que ela acordou, assustando o homem, que pensou “Será que ela desconfia de algo?”.
A noite passou sem que João dormisse. Assim que saiu para o cortiço soube de um desastre: Agostinho, filho de Machona, acidentou-se quando brincava na pedreira e morreu violentamente. Sabendo disso, o português estranhamente lamentou o ocorrido: porque morrer assim uma criança que não faz mal a ninguém, e não Bertoleza, que tanto o atrapalha!