Capítulo 10
D. Dodó entrou na casa sombria e malcheirosa em que vivia o doente. A mulher dele, magra e tristonha, recebe a gorducha com indiferença. Após confirmar a informação da doença do marido e dos dois garotos que tinham para cuidar, a madame deixa vinte mil réis na mesa da sala, acompanhada de palavras evangélicas e pensamentos um tanto egocêntricos – imagina o que os jornais poderiam falar de sua bondosa atitude. A mulher do doente não exibe qualquer contentamento com a ajuda: aquele dinheiro será rapidamente gasto na farmácia.
Para completar a visita, D. Dodó pede para ver Maximiliano, arrependendo-se imediatamente, pois lembra-se da tuberculose, que é transmissível. Dá ao homem algum consolo religioso, no qual ele já não tem fé, e sai rapidamente.
Após informar que é a presidente da Sociedade das Damas Piedosas e que mandará levarem o doente a um hospital, D. Dodó se retira, lançando algumas moedas aos filhos da família. De volta ao seu carro, satisfeita com a própria caridade, pede ao motorista que ligue o rádio e lembra-se de seu próximo compromisso: organizar o chá-dançante no Bar Metrópole, que será em benefício do Asilo Santa Teresinha.