Capítulo 6
Luís da Silva faz uma completa descrição de sua criada, Vitória, que em tudo lhe aborrece: ela possui um papagaio mudo ao qual tenta em vão ensinar alguns versinhos e que frequentemente foge de sua gaiola; outra mania sua é ler diariamente a lista de navios que atracam e partem do cais de Maceió, às vezes citando passageiros que considera importantes; quando chega o início do mês ela fica ansiosa pelo seu pagamento, fazendo cálculos inúteis, já que seu costume é enterrar todo o ordenado no fundo do quintal, junto à cerca.
O narrador detalha, cheio de ironia e desprezo, cada um dos hábitos de Vitória, além de zombar de sua aparência, por seu “pescoço de peru”, sua voz “áspera e desdentada”, seus “pelos do buço” e suas “duas verrugas escuras”.
Luís ainda nutre uma forte desconfiança da velha, que teria o costume de passar a mão em alguns trocados que ele deixava pela casa, ou que acidentalmente caíam no chão, e que os enterraria no quintal, junto de suas reservas. Estas suspeitas, entretanto, muitas vezes não são confirmadas, já que o dono da casa logo reencontra o dinheiro perdido entre livros, e outras vezes Vitória consegue “achar” as moedas após o patrão relatar o sumiço dos valores. Luís ainda zomba da criada, considerando que o maior risco era que ela lhe devolvesse uma quantia de moedas maior do que a que ele perdeu.