Também já fui brasileiro
O poema "Também já fui brasileiro" narra a trajetória pessoal do autor, marcada por transformações e desilusões. Inicialmente, o narrador se identifica com a cultura brasileira, destacando atividades típicas como pontear viola e guiar "forde", além de uma aprendizagem sobre o valor do nacionalismo nos bares. Contudo, essa identificação começa a se desfazer à medida que as certezas e virtudes se dissolvem, simbolizado pelo fechamento dos bares.
O narrador também reflete sobre sua fase como poeta, quando a simples visão de uma mulher evocava imagens de "estrelas e outros substantivos celestes". No entanto, a abundância de inspiração e a imensidão do céu acabam por confundir sua poesia, levando a uma crise criativa. Ele menciona ter possuído um "ritmo" próprio na vida, caracterizado por ações e palavras que definiam sua identidade e como era percebido por amigos e inimigos. Esse ritmo lhe dava uma sensação de satisfação e ironia, uma maneira de navegar pelas complexidades sociais e pessoais.
Porém, o poema culmina na perda dessa identidade distintiva. O narrador declara que não desliza, não é irônico e não tem mais ritmo, indicando uma ruptura com seu passado e uma perda de identidade. A repetição do "mais não" reforça a sensação de negação e vazio, sugerindo uma desconexão não apenas com sua cultura e criatividade, mas também com seu próprio senso de self.
"Também já fui brasileiro" é uma reflexão sobre mudança, perda e desilusão. Através de uma jornada pessoal que passa pela identificação cultural, criatividade poética e ritmo de vida, o poema explora a fragilidade das certezas pessoais e culturais, culminando numa expressão de desapego e alienação.