Sentimental
O poema "Sentimental" aborda de maneira lúdica e melancólica o tema do amor e da expressão dos sentimentos em um contexto cotidiano, contrastando a intensidade emocional com as trivialidades da vida diária. A cena descrita é simples: o narrador tenta escrever o nome da pessoa amada com letras de macarrão na sopa, enquanto os observadores — presumivelmente familiares ou amigos — assistem ao ato, que consideram romântico, mas impraticável.
A tentativa de compor o nome na sopa, um ato repleto de sentimentalismo, é interrompida pela realidade prática, simbolizada pela sopa que esfria e pela falta de uma letra para completar o nome. Esse momento destaca a dificuldade de conciliar os sentimentos profundos com as exigências e limitações do mundo material. O alerta dos observadores — “Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!” — reforça a ideia de que os devaneios sentimentais são frequentemente interrompidos pela necessidade de atender às demandas do cotidiano.
A conclusão do poema traz uma reflexão amarga sobre a liberdade de expressar sonhos e sentimentos em uma sociedade que os desencoraja. A menção a um "cartaz amarelo" nas consciências, que proclama ser proibido sonhar no país, sugere uma crítica mais ampla às restrições impostas pela sociedade aos indivíduos, limitando sua capacidade de sonhar e expressar seus sentimentos mais verdadeiros.
"Sentimental" é, portanto, um poema que explora a tensão entre o desejo de expressar o amor de maneiras criativas e poéticas e a realidade que frequentemente desvaloriza ou ignora tais expressões. Através de uma cena cotidiana, o autor reflete sobre os limites impostos à expressão sentimental e ao sonho, destacando a discrepância entre os ideais românticos e a pragmática da vida diária.