Capítulo 7
Jacinto, acompanhado de Zé Fernandes, faz frequentes visitas à Madame d’Oriol. O narrador descreve os costumes da moça, que refletiam o espírito parisiense: repleto de afetações, vaidades e superficialidades. Certo dia os dois amigos encontram o marido da Madame transtornado por saber que ela estaria traindo-o com criados: amantes, somente permitiria os de classe, como Jacinto!
José Fernandes faz uma viagem pela Europa. Relata com enfado as inúmeras vezes que fez e desfez malas, dormiu em camas desconfortáveis e alimentou-se com pratos insossos. O melhor dia da viagem foi quando, em Veneza, ele encontrou um inglês com quem trocou impressões sobre o Porto. Mais uma vez o narrador ironicamente despreza os avanços civilizatórios, como a possibilidade de se fazer turismo, e dá valor às lembranças de sua terra natal.
Voltando a Paris Zé Fernandes encontra Jacinto ainda mais aborrecido e envelhecido. O narrador considera que a plenitude extrema vivida pelo seu amigo poderia ser a causadora de seu desânimo. Jacinto, porém, crê que o tédio é um elemento natural da vida, que se torna completamente desinteressante conforme se envelhece. Entregando-se ao pessimismo, Jacinto leu “de Eclesiastes a Schopenhauer”, ocupou-se com festas, estudos religiosos e auxílios humanitários, mas nada o entusiasmava.
Em seu aniversário de 34 anos o antigo Príncipe da Grã-Ventura desprezava todos os cartões, flores e lembranças que recebia. Os presentes que tentou usar o decepcionaram: um precioso chá tinha gosto horrível e o arroz doce, encomendado por Zé Fernandes, que pensou em reviver costumes portugueses, veio cheio de ingredientes “especiais”, mas que tiravam qualquer traço de sua modesta tradição.
Ao relembrar sua terra, José questiona que fim levou a reconstrução da igrejinha que fora soterrada, mas Jacinto não tem notícias.
Saudoso de Portugal, o narrador faz uma observação social: comparando a situação dos pobres da Cidade Luz, que não contam com qualquer apoio, os miseráveis de seu país ao menos se garantiam com a bondade da vizinhança.
O capítulo é fechado com um momento poético, cheio de simbolismos, em que Jacinto anda pela casa encarando todos os equipamentos, estantes, livros, teorias e conhecimentos… Para terminar, melancolicamente, caindo no sono.